quarta-feira, 22 de abril de 2009

Nossa relação com o passado...

Uma cidade sem passado
Assisti neste final de semana, por acaso, um filme que me chamou bastante a atenção. Chama-se: “Uma cidade sem passado” [mais detalhes aqui]. É uma produção alemã do início dos anos 90 e que é um misto de comédia, drama e documentário.
Vou resumir a historinha dele...
Uma garota de uma pequena cidade da Alemanha Ocidental é convidada a participar de um concurso de redação. Dentre os dois temas propostos ela decide pelo seguinte: “Minha cidade durante o III Reich”. O que ela queria com isso? Provar que a igreja se manteve íntegra durante o nazismo.
Porém já nos seus primeiros esforços para fazer a pesquisa, ela verifica que não é bem assim e que as pessoas não queriam que ela ficasse revirando coisas daquele período.
O que ocorria era que muita gente esteve envolvida com o regime e essas pessoas faziam questão de não serem mais associadas àquilo. Além de tudo havia a construção de uma imagem contraditória da cidade como um foco de resistência.
Era um passado convenientemente esquecível, não só para aqueles que se envergonhavam de suas ações, mas também para seus amigos, suas famílias e todas as pessoas ligadas a ele de alguma forma... Era enfim uma ferida não só de uns e outros, mas de um povo. E remexê-la não era de nenhum modo indolor.
Agora imagine só quantas coisas permanecem ocultas e sequer sabemos? Elas não entraram nos livros de história, não são revividas nas comemorações cívicas, não fazem parte da memória popular.
Talvez por aí, dentre outras coisas, tenha se cristalizado essa concepção de que somos seres passivos e de que não podemos mudar a realidade.
Fazer-nos acreditar que é assim. É o objetivo daqueles para quem é cômoda a atual situação! Brecht, em seus poemas já ressaltava isso...
Creio, no entanto, que esse é o principal compromisso da história hoje em dia: enxergar as contradições do passado, mesmo quando nos obrigarem a usar lentes escuras e embaçadas. Mas há de se convir que quem fecha os olhos por vontade própria, sequer enxergará o óbvio, mesmo que esteja a poucos centímetros de si...

11 comentários:

  1. Poxa parece muito interessante! E até rico material pra se entender que estudar, e especialmente estudar História é um papel de dissociação do lugar comum, penoso, doloroso talvez e traumático tirar essas lentes. Abraços

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  2. cara eu adoro filmes alemães assista meninas não choram pra tu ver

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  3. Ei! Esse filme parece ser bom mesmo. Uma história bastante curiosa e interessante. Legal seu comentário sobre o filme, deu para entender a moral do filme nos nossos dias!
    Então, passando para agradecer mais uma vez. Vlw pelas palavras lá no blog e é claro que aceito a proposta, já estava pensando nisso..rs.Será um prazer a parceria com esses seus blogs tão bacanas e que realmente gostei muito de conhecer. Adorei o estilo do seu blog, os seus comentários, de forma pessoal, colabora e muito com a nossa cultura.Dá para perceber que você entende bem de música e outras culturas. Parabéns meu caro e meu mais novo amigo da blogosfera.

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  4. Olá, Diego. Irei procurar o filme, me identifiquei muito com a história dele.

    Existem muitas pessoas que fecham os olhos diante de coisas assim, se fazem surdas e mudas. Creio que podemos mudar a realidade, sim. Para isso, é preciso ir atrás da verdade.


    Bjos e até mais. Ótimo fds! ;)

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  5. eu sou fascinada pelas guerras, gosto de ler quase tudo que tem a ver com elas e sempre me assombra, e isso não só nesses momentos, o que é a igreja quando mais se precisa dela. como ela a fim de se manter acima consegue ter uma postura tão abaixo do esperado...

    beijo*

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  6. Oi Diego, procuro esse filme há anos e não encontro em lugar algum. Onde vc assistiu? Me dá a dica, por favor...

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  7. Selo pra ti no meu blog!
    A cerca do post: aida não li =D

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  8. Olá Diego que maravilhoso é visitar este espaço! Parabéns pelo excelente trabalho desenvolvido. Que beleza sua publicação, ótimo texto, filme muito interessante, legal, gostei. Valeu ter passado aqui. Feliz e honrado por sua amizade. Quero avisar que tem um “PRÊMIO” esperando por você lá no Blog, não demore! Aguardo por sua visita. Sinta-se em casa. Acredito aquele que caminha sozinho pode até chegar mais rápido... Porém quem segue acompanhado de um amigo com certeza vai mais longe... Espero sua visita! Encontrar-nos-emos sempre por aqui. Votos de um feliz fim de semana, muita paz, saúde, brilho, bênçãos, proteção e alegria. Fique com Deus. Um abraço fraterno.
    Valdemir Reis

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  9. Tendo morado 3 anos na Alemanha, tive a oportunidade de testemunhar como é conflituosa a relação deste povo com a memória da guerra: há a obrigação histórica de lembrar e a vontade íntima de esquecer, como se fosse para tornar possível o seguir adiante. Convivi com famílias em pequenos vilarejos (Dorfs), cujos avós haviam servido na guerra e, segundo depoimentos, a guerra, suas motivações e até mesmo o holocausto não chegavam de forma muito clara para os cidadãos destas "periferias" (tendo como referência os centros tomadores de decisões). Fiquei muito interessada em ver o filme,obrigada pela dica! Sobre o mesmo tema, sugeriria Swing Kids e o comoventíssimo A Última Borboleta, sobre um artista que denuncia através da pantomima os horrores de dentro do próprio campo de concentração. A metáfora da cena final é espetacular.
    Abraços,
    Roberta Mendes
    http://www.paraeuparardemedoer.blogspot.com

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