domingo, 19 de setembro de 2010

Temporiza( a )dor


Imagem: marta.tci


Experimente o elixir
Da curta vida
Mais curta que curta-metragem
Posso advertir que
Só porque é curta
Não é proibido que a curta.

Palavras, palavras, palavras
Repetidas, repetidas, repetidas
Sem nexo, com nexo, conexo, desconexo
Aloco-as em parcas arrumações abstratas
Desarranjam-se em frações de esquecimento
Registrar é vicio dos desmemoriados

Flui o ontem em rios de hoje
O que se foi em águas do que virá
Pororoca das dez ilusões vindouras
Naufrágio das desilusões de outrora
Fugirei em meu barco numa outra hora
Para as bandas dessa correnteza
Que em lendas dizem que verte para o mar

Leio Confucio em seus ditames
Pena ser ele muito confuso
Para quem só é levado para um lugar
Que não imagina o que é
Mesmo questionando porquê
Como está ou onde vai se chegar

A brevidade não é coisa de idade
Se fosse, as crianças seriam assim
Jovens eternas mortas de tédio
Brincando em playgrounds atemporais
Pueris como os anjos celestiais

O velho não se angustiria com a morte
Estaria a cada segundo mais forte
Mesmo no peito tendo um corte
Profundo, intenso, ilógico e inesperado.

O tempo não é imaginário
Alguns se esquecem dele
Tentam aprisioná-lo
Fechá-lo em caixinhas especiais
Mas isso só funciona ali
Nas mentes que fingem que ele não existe
Enquanto ele as corrói sorrateiramente.


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Temporizador by Diego? Chuck? Glommer? is licensed under a Creative Commons Atribuição-Uso Não-Comercial-Não a obras derivadas 3.0 Unported License.
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terça-feira, 7 de setembro de 2010

Boçal Experimentalismo do Sentimento, da Forma e da Poesia


Imagem: Piterart


Alô, você que não me entende

Tão gentil em fingir me ouvir

Mas tão surda do que lhe falo

Você não é, nunca foi culpada

Eu sou e sempre tive a certeza

Que com tanta raiva estuprado

Meu cérebro foi por eu mesmo

Nem é culpa de álcool e do ato

Inconsequentemente atordoado

Pelo gritar ferino embasbacado

Ecoante na noite do desagravar

Que tivemos antes de nos odiar

Em pré-histórica era inventada

Nas núpcias ilusórias de torpor

Em fulgurosos enxames de cor

De tantos insetos espetaculosos

Trafegando tão desconjuntados

Buscando pólen de flor em flor


Engalfinha-me sem eu perceber

Duvido que disso você é capaz

Eu percebo bem mais do queria

O estoicismo me passa distante

De agruras é que me componho


Cometo infanticídio do amanhã

Não me permito nem esboça-lo

Boçalizo-me cônscio bem disso

Evitar antever o que não vai ser


Desesperança não é temperança

O vício não gerará virtuosidade

As sementes de ar em fofa terra

Não parirão as árvores de vento

Nem a frondosa copa das brisas


De pouco adianta a condolência

Sua inflexão não mudará ontem

Não se faça de hipócrita valente

Sua tolice revelará tudo do caos

Mas já então não mais adiantará

Quase nada valerá alguma pena

Você que se colocará no inferno



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segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Tolo amor


Imagem: LensENVY

Nem sei se eu a amo.
Ou se é fixação inconsequente
Em conluio com minha incoerencia
Jorrando...
Da fonte, veneno de serpente.

Entre os quadros milimetrados
Intercalados em meu pensamento
Vejo seus dentes no primeiro dia
Afagando o ar ao seu e meu redor

Pouco tempo depois a odiei
Ilusão foi como na primeira vez
Que a vi e que logo a amei
Conpenetrado em sua indiferença.

Logo mais você me bem quis
Mas não eramos uma sinfonia
Eu a desejei de todo, o mundo.
Você me via assim tão fraternal.

Nos entremeios de cabelos
Que se cacheiam tão negros
O universo se revela
Em psicodélicas brumas astrais

Mas eu nem sei como a quero.
Anseio beijar sua derme reluzente
E morder de leve seus lábios de flor
Bobo com seus olhos brilhantes.

Mas não é simples assim
Há muito tenho medo de tudo
Dos sonhos e mesmo do futuro.
E acabo deixando para lá
Entrego minhas fantasias para o mar

domingo, 5 de setembro de 2010

Escrever

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg2OVTObBRtdVsHn7O29mY34BHUE-hJcLJcIv_UB486qG_pRTuBaDPf3hXtoDU4WB0bbNc7Ts-PUUBntTEvcOMnYvPnNM9HbZAXov2zQFQx1F2sILnzLeWZQmMgjouq_jU1QLtexk_v8nor/s1600/escrever.jpg

Escrever é um ato de auto-mutilação e reinvenção de si mesmo.
Destruo-me do antes e surjo como novo ser na fixidez da palavra...
Esta que tentarei, bem provável, romper posteriormente
e que contudo estará lá. No papel, na tela do computador...
Para me contrariar, para não deixar fingir que nada foi.

Escrever exige enfrentamento e dói... e alivia.
Porque escrita boa parece ser aquela que se faz dos sentimentos.
E sentimento que se preza faz sentir o trespassar da alma para o corpo.
Visceral, angustiante e doce. Empalar múltiplo provocado por si mesmo.

Mas escrever também é o pensar e o fazer rir. Ou então rir do que não tem graça.
Escrever é dar suspiros vitais quando se está semi-morto...
quando se está em desacordo com o mundo e todos diariamente sugam suas energias vitais.

Escrever é contestação do que se sabe e o que não se sabe.
É o expressar humano mais desumano
Porque nunca se diz tudo o que se queria dizer
E ninguém sente o tom verdadeiro de cada letra grafada
E ninguém lhe ouve no momento que se sente
E se faz na contradição do recluso que ser ouvido.

O escrito se faz para os outros
Que nem sempre entenderão
Interpretam-o com altivez no intuito de chegar a seu mundo
Mundo que também deles é, mas que existe algo só de seu

Mas você sabe disso e do que virá adiante
e mesmo assim o faz...

E assim...

Deturparão o seu dito
com interesses puros, mesquinhos ou tecnicistas
Dirão de sua palavra o que ela nunca disse
Farão dissecação de cada caracter seu
Farão juizos tolos de valor.

Mas disso nem deveria me importar...
Se o que escrevo fosse só meu jamais eu escreveria.

sábado, 4 de setembro de 2010

Reativando...

Depois de muito enrolar, embarco em mais uma tentativa de reativar isso aqui...

Acho que vou mudar, não vou colocar mais meus toscos poemas, nem minhas narrativas fictícias amalucadas. Vai ser uma coisa de diário, mas sem compromisso com a regularidade. Uma coisa dessas bem tolas que a gente faz para que os outros leiam, mas querendo que fiquem enterradas bem no nosso âmago.

É bem capaz que seja assim, pq lá dentro bem guardadinhas elas doem. Doem porque falam do mundo dos nossos olhos. Não o mundo preso na retina e que ali fica parado, mas mundo que por ela interpenetra e se forma e se deforma, massinhas infantis multicoloridas do mundo de tons cinzas.

Nos últimos meses minha vida mudou um tanto. De proletário das burocracias arquivísticas, virei umas outras sem coisas. Dentre elas modifiquei minha militância política. Isso que me entristece... Acho que era mais utópico antes disso e isso era tão bom... Pois quem vive das utopias não se deixa morrer, por mais que um batalhão de trogloditas isso queira fazer.

Hoje sou cético. E quem é cético se mata, como se estivesse sendo envenenado. Assim como aquele que se fecha e pouco a pouco se torna ruínas. Esfarinha-se a si mesmo sem perceber.

Amanhã escrevo algo mais... por hoje dói algo lá num não sei onde de meu peito...