sábado, 3 de dezembro de 2011

Antropologia do amor em casa de carnes.

créditos pela imagem: felipefonseca



Pedaços...
moídos...
bifes...
Peças à venda em açougue
com plaquetas baratas
Pessoas não são
Mulheres não são
Travestis não são
Lésbicas não são
Gays não são
Heteros não são
Pansexuais não são

Não são recursos fugazes
de fim de noite
de dias perdidos

Não são a solução imediata
menos ainda derradeira
Não são o mapa que leva
do labirinto que construímos
por vontade própria
dos outros
e a nosso bel prazer
das conveniências
que não suportam
o dia após o outro
e a espera hesitante

Do segundo seguinte
promessa alguma há validade
Sirva-me o dragão
dilemas na mesa:
Galgar em disparada
ou domá-lo?
Qual será minha disposição?

Cômodo é retornar...
antropomorfizar a casa de carnes
gozar em pleno frigorífico.




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O trabalho Antropologia do amor em casa de carnes. de Diego Leão foi licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição 3.0 Não Adaptada.
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quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Valentina


créditos pela imagem: dhammza

Valentina, 15.000 anseios
em números nada ordinais
cardinais tampouco e tão poucos
Cardumes de bem querer.

Valentina, pisciana
esquisita, de mente que estraçalha
se arrebenta em pedaços
acorda vislumbra a restituir
alguma forma nem tão concreta
o teu vício de ontem
teu terror de outrora

Valentina, mulher bicho homem
sábia, aguerrida, temperamental
colérica, adocicada, cheia de bobagem
suave, de lua, de tempos e ventos
Valente como já se intui por teu nome

Valentina, pra ti buquês não são o bastante
frascos de perfumaria, apetrechos de bijuteria
almoços ensolarados, jantares de vela
ou idas vulgares a botequins ou rotisserias

Valentina, te daria o céu
se não o tivessem comprado ontem
no pregão do mercado de ações

Valentina, tu és minha princesa
e não sou eu um pedreiro
Cantadas sinceras me interessam
faço colóquio com orbes celestes
e canto em dupla com a cigarra.

Valentina, porque foste embora?
Só deixaste um rastro
de cigarro pisado
no chão grudado e amassado.

Valentina, me leva à falência
não de sucesso ou do bolso
mas de meus pontos vitais
de meus órgãos, de minha vida
        que sempre vou embora...
    que deixo pra trás



Valentina, deixo um corante
em cabeça levo um turbante
pra fingir que sou árabe
pra ser odiado
por motivo inventado
por aquele yankee

Valentina, como diriam no Livro
"Em verdade, em verdade vos digo"
agora não interessa!
Nem um respiro!
o esboçar de um suspiro
de pulmão ou de doce.

Valentina, eu pedi pra que sumiste
eras tu perdição, inferno privativo
que metodicamente marca as horas

Valentina, abdico da cachaça
do papel enrolado queimado esfumaçado
das incompreensões de mim mesmo
pra fluorescente me florescer
e quem sabe assim eu te aches
largada em aleatória estrada

Valentina, eu te amo
eu te chamo e eu te clamo
quero contudo que sumas
pois é parte minha
que machuca extirpar
mas implode o meu alvorecer

Valentina, flores de cravo
imiscuídas a cheirinho de canela
Mas rasuro tua alcunha em pausas a prazo
e profiro 15.000 perdões
já que choro prazeres
por irdes embora.

Valentina, eu que nunca fui certo
desta feita nem olho pra trás
de costas enceno contido um "tchau!"


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quarta-feira, 3 de agosto de 2011

(...)

Sinto tanta coisa. Como se tudo estivesse muito amarrado. Como se houvesse uma grande conspiração de todos contra mim. Que as pessoas estão mancomunadas e sabem tudo que se passa em minha vida.
Um verdadeiro Big Brother orwelliano: 1984 não está muito distante do que penso, talvez o número seja simbólico. Não revelarei o porquê, faz parte de meus mistérios.
Esse meu sentimento faz com que minha cabeça não funcione, pelo menos como a mim me transparecem funcionar as demais. Sempre penso que tudo tem uma ligação, que gera outras coisas. Mas não como simples consequências, ações e reações.
Tudo que intervenho se revela com algum sentido nem sempre muito translúcido em futuro próximo, mas já no presente se apresenta como um sem número de inter-relações inexplicáveis. De que o imediato é uma superfície cheia de indícios, mas que nos quais são cuidosamente inseridos álibis para que ninguém os perceba. Como querem me causar dor, não há motivo para que ela se desvele no agora. Afinal, ela pode ser perpetuada por toda minha vida. Através de minhas frustrações e inseguranças.
Sinto-me engolido, fragilizado, esgotado, deflorado, estuprado e torturado pelo mundo. Tudo é violento, não só no sentido físico. O universo é um grande peso sobre mim. Na minha sincera, mas por vezes megalomaníaca, sensação de que sou um agente que tem grande peso para transformação do mundo, acabo me vendo não raramente como um ser só, deslocado e impotente. Escrevi certa vez algo que jamais parou de latejar na minha cabeça: "nenhum lugar é meu lugar". Parece ser coisa de egoísmo, individualismo tolo, mas sinceramente não é. Pois contraditoriamente, o que mais desejo é um encontro. Que as coisas se convirjam, se tornem claras. Que nos outros me encontre. E há um grande esforço de minha parte para isso.
A esperança é o que me move. Pena ela ser tão decepcionante no mais das vezes. Tive uns cem trilhões de sonhos até aqui. Acredito que bem pouco deles algum dia foi real. Desses poucos nenhum deles se concretizou sem ocorrer muita luta e sofrimento. Nada foi fácil até aqui. O que me faz sentir ainda mais pressionado: vale a pena tudo isso? Deveria entregar os pontos? Ou me engajar mais e mais na busca de nem sei o quê?
Parece ser tudo tão frágil. Tão suscetível a perdas. Nada transmite segurança. Pouca gente está disposta a estar a seu lado. Na primeira falha ou sensação de incômodo mandarão você embora. Se resguardarão, pois descartar os outros é solução menos dolorosa do que a doação de si. O individualismo é latente mesmo nos que mais pregam a coletividade. O amor nunca há de ser um encanto eterno com fulguras permanentes de paixão. Mais do que isso é um entendimento constante de que o outro não é perfeito, que nem sempre vai corresponder as nossas expectativas e que se baseia num desejo mútuo de transformação de ambas as partes. Assim, ambos se transformam e deixam a condição de seres individuados.
Pode ser muito ideal tudo isso. Mas em parte reside um tanto da angústia. Outra vez não só pelo agora, mas pelo se viu até aqui...

(...)
Daí tudo retorna ou não se parece ser possível fugir. A sensação da conspiração do universo grita outra vez. Queria me desacorrentar.

NOTA SOBRE DESPEJO EM UBERLÂNDIA

“... revela-se, lá do céu, a ira de Deus contra toda impiedade e injustiça humana,
daqueles que por sua injustiça reprimem a verdade” (Rom. 1,18).


Três mil famílias acampadas em Uberlândia estão sendo despejadas pela Polícia
Militar de Minas Gerais (PMMG), em cumprimento a uma liminar judicial, determinada
pelo Juízo da 4ª Vara de Uberlândia. Tensão e dor são vividas pelas famílias. A
população desconhece a verdade sobre a terra, da área ocupada por essas famílias.

A região, que inclui parte do Parque do Sabiá, parte do bairro Santa Mônica, dos
chamados bairros irregulares (Dom Almir, Prosperidade, Joana Darc, São Francisco,
Celebridade, Zaire Resende) e áreas não ocupadas, no entorno, foram um dia de João
Costa Azevedo; (vide matrícula 5.273 e outras - Cartório do 1º Ofício).

Com a morte de João Costa Azevedo, aparece uma doação feita por esse a João
Costa Silva (vide matrícula 26.016 – Cartório do 1º Ofício). Em seguida, morre João
Costa Silva e aparece uma escritura pública de compra e venda de João Costa Silva para
Lindolfo Gouveia (vide transcrição 48.050 e 51.075 - Cartório do 1º Ofício).

Aproveitando a confusão, surge um novo documento: uma permuta entre João
Costa Azevedo, Virgílio Galassi, Tubal Vilela, Rui de Castro, Irany Anecy de Souza,
os Irmãos Torrano e outros. Esta permuta, repleta de irregularidades, gerou matrículas
de imóveis sobre as terras que foram um dia de João Costa Azevedo (matrícula 23.894
-Cartório do 1º Ofício). Estas matrículas provocaram diversas sobreposições de áreas,
como por exemplo, a matrícula. (51.075 e a matrícula 13.121 - Cartório do 1º Ofício).

Quase todas as terras de João Costa Azevedo viraram loteamentos (irregulares e
regulares).

O espólio Irany Anecy de Souza, um dos supostos donos da área, nunca tomou
posse efetiva da mesma, porque rompeu com a imobiliária Tubal Vilela, tanto é que
desfez a permuta irregular.

Irany vendeu centenas de pedaços dessa área para terceiros, e esses possuem
matrículas dos mesmos, num loteamento chamado “Vila Jardim”, que nunca foi
aprovado pela Prefeitura de Uberlândia, mas mesmo assim alguns desses pagam IPTU.

O abandono da área levou 3 mil famílias de sem terra a ocupar o local..

A decisão do despejo se baseia em documentos com indícios concretos de
fraudes cartorárias. Agrava-se o fato de que na escritura juntada aos autos de n.
0320430-08.2011, uma simples conta matemática comprova a ilegitimidade do Espólio
de Irany Anecy de Sousa, que vendeu quantidade de terras superior ao próprio
título da área que alega ser proprietário.

Por sua vez, o Juízo da 3ª Vara Cível da Comarca de Uberlândia, em pedido
de Ação de Reintegração de Posse, ajuizada por outro suposto dono de parte dessa
área, declinou competência e determinou a remessa dos autos à Vara Especializada de
Conflitos Agrários da Comarca de Belo Horizonte.

O 3º Promotor de Justiça, da Promotoria de Justiça e Defesa do Cidadão,
manifesta pelo interrompimento dos mandatos de reintegração de posse expedidos pelo
Juízo de Direito da 4ªVara Cível, para se manifestar no feito e no sentido de pacificar o
conflito.

Denunciamos e repudiamos, portanto, essa injustiça, que desrespeita a dignidade
dessas famílias, colocando em risco a vida, e cerceando a luta justa por terra e moradia.

Uberlândia 01 de agosto de 2011

AFES – AÇÃO FRANCISCANA DE ECOLOGIA E SOLIRIDARIEDADE

APR - ANIMAÇÃO PASTORAL E SOCIAL NO MEIO RURAL

CPT – COMISSÃO PASTORAL DA TERRA

terça-feira, 2 de agosto de 2011

IMPASSE EM DESPEJO EM UBERLÂNDIA

O clima é de tensão e impasse no despejo das 3 mil famílias acampadas na fazenda Tenda em Uberlândia. Na ordem expedida pelo juiz Walner Barbosa Milward de Azevedo não consta demarcada a área a ser despejada, conforme exigido por lei. Ocorre que não se tem como identificar o local para o cumprimento das decisões judiciais. E ainda mais a individualização da área e sua perfeita identificação é obrigação dos autores nas iniciais das Ações de Reintegração. Isso não foi feito e não é função dos oficiais de justiça. Existem áreas que não são objeto do despejo onde as famílias podem permanecer. Os Oficiais de Justiça não conseguindo identificar estas áreas estão se valendo do serviço de um topógrafo contratado pelos supostos proprietários. Os advogados das famílias entraram com um recurso alegando que a ação que está sendo cumprida é de reintegração de posse e não uma ação demarcatória de propriedade. Portanto, esse serviço ilegal de demarcação de glebas para efetivação de liminar de despejo atinge as famílias acampadas, e é prova clara do que temos denunciado: a superposição de matrículas sobre o mesmo imóvel e as fraudes cartorárias.
Inclusive o espólio de Irany Anecy de Souza, um dos pretensos proprietários, é réu em processo em curso na 2ª Vara da Fazenda Pública e Autarquias de Uberlândia, motivado pela inexistência de demarcação da gleba de terra da qual ele se diz proprietário.

AFES- AÇÃO FRANCISCANA DE ECOLOGIA E SOLIDARIEDADE
APR – ANIMAÇÃO PASTORAL E SOCIAL NO MEIO RURAL.
CPT – COMISSÃO PASTORAL DA TERRA

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Novo mundo admirável

Há de se construir um novo mundo
Mas esse mundo não é só seu, nem só meu
É nosso! Da gente!
É preciso então nos libertarmos
de nossa amargura e mesquinhez

É preciso construir um novo mundo
Mas esse mundo não respeitará fórmulas
Nem três, nem duas, nenhuma!
Nenhuma pré-condição será aceita.
Ele se fará a partir da experiência
Repleto de vida, se fará da própria vida

É urgente construir um novo mundo
Sem qualquer pudor em relação ao amor
Solidário e fraterno, humano.
Sem rancores e muitas cores.

Mais que tudo é preciso um novo mundo
Sem individualismos e egoísmos
Mas que também não se despreze o indivíduo
Nem se tente matar seus desejos
Que não seja um animalesco projeto anti-humano

Urge muito construir esse novo mundo
Faz-se necessária então a organização popular
Mais do que todas vanguardas
Mais do que todas as discussões nos Congressos
Mais do que a beleza inflamada dos heróis
Eles são passageiros e o grande projeto emancipatório
este sim, para o sempre tem de ficar
É preciso então a consciência
a de que se faz política cotidianamente
Até mesmo em casa e na rua.

Não sei muita coisa, mas eu acredito
Que nesse sonho devemos nos engajar
Se quiser então vamos lá...

quinta-feira, 19 de maio de 2011

imprevisivel

O que me deixa mais apreensivo é que com você eu nunca sei o que será amanhã. Aliás, nunca sei o que será no instante seguinte. Mas ao mesmo tempo tenho vontade de arriscar todas as fichas, todo o dinheiro, todo o futuro, só por ser tão bom o presente ao seu lado. Nunca fui disso, nunca fiz isso. Só posso afirmar que sinto vontade de fazer por toda a vida.

Sinto-me ainda descompassado. Creio que a desejo demais. Mais do que deveria ser. Seu ritmo parece outro.

E o pior...

Logo, logo você vai embora... e não falo isso só por dizer. Seus planos são bem certos e eu lhe quero o melhor do mundo. Mesmo que meu egoísmo se atreva a dizer não, para que fiquemos juntos por longos tempos.

O amanhã não nos pertence...

Queria escrever mais... no momento é suficiente.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

pra...

Não nasci pra amar
pra me amarrotar
pra me amarrar
e pra arrotar
pra me armar
pra sufocar
e pra ficar
ou deixar
alguém
sem ar

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Invólucro de dedos

às conversas perdidas no passado encontradas em hoje.

Em invólucro
apertada
entre dedos
quis se fechar
Lacrada
invulnerável
inefável

Quis se personificar
solidão em essência
apertada
vendo nas frestas
da grande mão
lampejos de vidas outras

Quis nelas tocar
Seu querer de ser só
viu-se esvaecer
naquilo que olhava
E que era um tantinho
em que se agregava.

Nisso se moldava
se desprendia
membro, membro, cabeça
um por um
em paulatino saía.

E uma por uma
também não mais foi
E se transmutava
numa mais umas
Pessoas várias
que trazia pra si.

Se se isolava
em retraimento
agora se perdia
Mas sentia um desejo
de encontrar a si mesma
que jazia em espírito
ou num ponto de ônibus
desses quaisquer
onde está estacionado o passado.

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Invólucro de dedos de Diego? Chuck? Glommer? foi licenciada com uma Licença Creative Commons - Atribuição 3.0 Brasil.
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quarta-feira, 13 de abril de 2011

Angústia

Minha palavra é letra morta
Queria terminar aqui o poema
Minha angústia também
Só que ela não cessa em estrofes

Tudo aparece descolado
deslocado do mundo
Será imaginação?
Esquizofrenia?

Podia, se assim for
ser tudo euforia

Não é.

Uberlândia, 13/04/2011 - 02:03 h AM

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quarta-feira, 16 de março de 2011

Inoperância rítmica acentuada.

Créditos pela imagem: * NightHawk24 *


Um dia me perguntaram
Por que não grafava poesia assim?
Por que não a "construía"
- como gostavam de dizer -
na batida da asa ritmada?

Eu não dizia
mas muito queria dizer
que simples demais seria a questão.
Que era por não ser
a poesia um edifício
mesmo sendo erigida
na superposição de linhas
uma após outra na vertical.

E que o ritmo ajeitado
que não era regra
porém muito costumeiro
era uma belezura
Mas não era tudo em si
Por si carecia de um algo
que pudesse ser um pouco de mundo,
vestígios do vital.

Eu mesmo rimei umas duas vezes
Uma foi sem querer
A outra foi plágio inconsciente
que os corujões chamam referência

Por essas tais vezes
não recebi elogios
pra apetecer minha egocentria
Tampouco mereci deferência.

Amassei o caderno
com muitos dos escritos
mandei-os pro inferno
Junto com meu tênis e meu terno
que nunca os tive.

No caminhão dos lixeiros
também mandei passear
por longos tempos indefinidos
as formulazinhas de bem escrever
E assim preteri o belo
pra falar o que bem entender
modelado e modulado
por meu próprio fazer

Deixei de lado o ato da construção
escolhi não a Conceição,
mas a arte da confecção.
Poderia ter escolhido
ser fabril e ser febril
Na levada continuada,
cubificada, planificada, planejada,
feitura de arquiteto ou engenheiro.

Eu preferi ser artesão
e fazer de cada obra evento único
que mesmo com semelhar de finalidades
do cotidiano dissesse mais que trivialidades.

Findo por aqui,
numa sensatez bem dosada
é que vai ver
eu nunca aderi ao balançar
dessa tal asa ritmada
pra não sugar à exaustão
a magnitude de seu sangue eterno.

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A obra
Inoperância rítmica acentuada. de Diego? Chuck? Glommer? foi licenciada com uma Licença Creative Commons - Atribuição - Uso Não-Comercial - Obras Derivadas Proibidas 3.0 Não Adaptada.
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sábado, 5 de março de 2011

Espuma, sabão e as utopias contra as distopias.

créditos pela imagem: TheGirl78


Todo sectarismo já nasce morto
na política, no amor e na vida.
Todo descrédito pelo outro também
Mesmo que os santos digam amém

Toda tolice será perdoada
até que se tenha humildade
para reconhecer o tolo que se é

Mas nenhuma estupidez será perdoada
quando for feita visando o bem de si só

Logo, logo será ceifado
no corte seguido degolado
Estripado e esquartejado
Não pelas armas
Não pelo físico
Mas na artéria da alma

Padece de vitalidade
A rubra cor que pinta o céu
é a mesma que na rua se permite pintar
as portas dos barracos nas vielas estreitas
das ladeiras íngremes de violência
geradas pelos tapas que dão os opressores
nas faces tristes
justo daqueles que geram sua fortuna

Por agora só resta esfregar
limpar do chão essa vermelhidão
Misturam-se os líquidos
Sangue e sabão.
Corre a vida lá fora
Enquanto teorizamos a revolução.

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Espuma, sabão e as utopias contra as distopias. de Diego? Chuck? Glommer? foi licenciada com uma Licença Creative Commons - Atribuição - Uso Não-Comercial - Partilha nos Mesmos Termos 3.0 Não Adaptada.
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terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Depois do instante.


Créditos pela imagem: Meryabad



Papelão não esquenta do frio.
Não faz uma casa instantânea
à noite, na rua.

Escoam rios do céu.
Correntezas e ondas
arranham o meio-fio.
Levam vidas,
trazem terrores.

Desabitado e desabrigado.
Deflorado e depreciado.
Desgraçado.

Num bater de asas
levou me embora,
o que me fazia.
Envolto em quimeras...
Enquanto eu dormia.


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Depois do instante. de Diego? Glommer? foi licenciada com uma Licença Creative Commons - Atribuição - Uso Não-Comercial - Obras Derivadas Proibidas 3.0 Não Adaptada.
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quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Revirar a volta

Créditos pela imagem: FrauBlucher

Meu escrever é busca insistente

procurar de mim mesmo

envolto em voltas e mais voltas

dinamitar de verborragias

diarréia palavresca verborréia


Meu escrever é tentativa
frustada de captação de meu viver
Turvo, insólito, despreparado
abraça nebulosas do inesperado

Exaspera-me bruta fera
Assim só pra combinar
primeira e última palavra
do verso meio morto
Todo tolo.

Surpreende!
Diz que sou delinquente!
Meu delito foi te amar
Desconcordantemente
o verbo e o pronome.

Assim disse ela
que respondia pela alcunha de Norma

Norminha para os íntimos
Norma Culta para os comuns
como eu sou, como você deve ser
Tão regrada e sistemática
mas descompassada
perto do fervilhar das línguas
que reinventavam a fonética

a gramática e a própria vida

Bastava um corriqueiro sair à rua

Mesmo assim eu a amava
Ela, a Norma...
que de algum modo ajudou a me fazer
Só lamentava isso dela
Essa tal coisa se enclausurar

se alhear tantas vezes
ao tombar da tradição pelo novo
à reinvenção das negações do passado

Um texto é cheio de reviravoltas a cada instante
Assim como nossa estada sobre (ou sob) a terra também é.


Licença Creative Commons A obra Revirar a volta de Diego? Chuck? Glommer? foi licenciada com uma Licença Creative Commons - Atribuição - Uso Não-Comercial - Obras Derivadas Proibidas 3.0 Brasil.
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