sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Impressão 1

Créditos pela imagem: Jazza2

Dois olhinhos bem pretos
em mundo a desbravar
mas que falta decidir
seu querer dele fazer parte
Incertezas não faltam...
E os sorrisos em mil fotos
tão fartos...
Nada dosados!
Parecem ser bem mais caros
em presença próxima
que pelas imagens
que surgem do quadro luminoso
do aparelho que nos conecta...


Licença Creative Commons
O trabalho Impressão 1 de Diego Leão foi licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição - NãoComercial - SemDerivados 3.0 Brasil.
Com base no trabalho disponível em solucomental.blogspot.com.
Podem estar disponíveis autorizações adicionais ao âmbito desta licença em solucomental.blogspot.com.

domingo, 15 de janeiro de 2012

Do bucho

créditos pela imagem: *el finísimo jarritos*


Filhos do mundo, uni-vos
com suas caras esfoladas
marcadas, estrebuchadas, queimadas
com fogo de nicotina infernal
sangrando em pensamentos fugazes
de desejos reprimidos

Filhos de puta de todas as horas
frutos de cópulas infames
em becos imundos
em barracos condenados
pelos agentes de Vigilância Sanitária
que não querem nem saber
se para amanhã haverá alguma morada

Filhos de travestis tresloucadas
imprevistos resultados
de prazeres obscuros do ocaso
crias loucas extirpadas pelo rabo
Para o mundo...
Sem dono, sem rumos...

Filhos de leprosos do novo milênio
com chagas fulgurosas
corrosivas
para além da derme
aspergindo crudelíssimos ácidos
de tempos em que não se sabe o que é

Filhos dos bancos de todo planeta!
Possuidores do que não tem
zelosos com o amanhã de suas dívidas
com seus nomes convertidos em números
Pontos em gráficos
de sobe desce sem luxúria

Filhos de imundos mendigos
estendendo as mãos abertas
a espera do juízo do merecimento
sobre os dez centavos que serão
perdidos no meio do sofá
pela ilustre dona de casa.
Mãe de dois filhos,
bem casada há uma década de anos
e que tem amores alternativos
todas as tardes
num bairro da cidade
que vez por outra se vê uns parcos domicílios com oportunas placas:
“Casa de família”.

Dessas fugidias tardes é melhor que não se saiba.

Filhos nunca paridos pelas bruxas de Salém!
Acometidos pela mácula dos não-feitos
recalcam si mesmos
por medo do mundo
que pôs em chamas suas putas madres
temem a fogueira do outro
que os queimará sem medo
se se desvelarem em todo
Dizem muito para não dizer nada
Dizem pouco ansiando que entendam tudo
Desfiguradas criaturas que pagaram
em dezenas de parcelas suas cirurgias
de adequação para as padrões
do último segundo.

Filhos do nada
que é o prato de hoje
um dia vomitarão o que está alocado
bem no fundo de seus buchos
e engoliram a seco
como iguarias e petiscos
do restaurante beira-mar,

E verão o quão podre estava
o que carregava dentro de si
e que se dava de ombros,
pois nunca se quis saber...

Licença Creative Commons
O trabalho Do bucho de Diego Marcos Silva Leão foi licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição - NãoComercial - SemDerivados 3.0 Não Adaptada.
Com base no trabalho disponível em solucomental.blogspot.com.
Podem estar disponíveis autorizações adicionais ao âmbito desta licença em diego.marcos.sl@gmail.com.