quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Doce não é poesia


créditos pela imagem:  Prefeitura de Jundiaí

Poesia não é doce
exposto em feira
cristalizado
caramelado
em barras
açucarado

Não se vende
Não é doada
Nem se doa

Não é prenda
nem dada
emprestada
presenteada
achada
no lixo
balcão de boteco
mercado de pulgas
em bueiro
morando com ratos

Não tem lugar
Nem dono
fiador
credor
não tem juros
Não tem nada!

Não é pretexto bobo
falada ao vento
à espera...
de agrado pro falo

Nem pilha de versos
implodida por um traque

Vômito significa melhor
regurgitar compulsório
Arrochado em vísceras

Não dá garantia
Não aceita
pagamento à vista
cheque pré-datado
boleto pra trinta dias
nota promissória
dezoito parcelas

Está esgotada!
no hipermercado
nas casas bahia

Pois se coisa egoísta
nunca é pro outro
Se fala de outro
é outro que é seu
Suspensão do universo
pro pequeno-burguês
que custa ser gente

Só uma luz
rejubila na troca
que do mundo toma
em conluio malandro  
Pra ser junto do mundo
toda de defeito
na maquinaria
na fórmula
na in/definição

Pois poesia é imperfeita
como a vida há de ser
possibilidades mortas
no labor dos tempos

E se a gente é imperfeito
e a rua é imperfeita
pro coração machucado
na navalha que corta sonhos
Pra palavra ser gente
ela tem de ser rua (e crua)
com coração machucado
e os sonhos na navalha

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