quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Manga dos tempos

Créditos pela imagem: Lais Castro ( ex Nuage Bleu)

Sessenta passados, negro, alto, forte, camisa branca, calça preta, uniforme de vigilante. Era imponente. Vindo assim, parecia um bloco de pedra que surge do nada. De certo, veio pra dizer que não era hora pra eu ali estar. Era domingo, não era dia de ficar circulando por aí. De certo era muito rígido em suas funções, não iria me perdoar.

 Sua performance e condição sólidas, no entanto, se liquefizeram em milésimos de centésimos de segundos.
Ele não veio pra dar procedimento à “lei”. Ele só quer uma manga... Não hoje, mas amanhã.
- Será que eu acho uma boa pra fazer suco amanhã.

Digo que o problema é que estão caindo no chão. Ele diz: “É, mas essas que caíram de ontem pra hoje dão pra fazer suco de hoje pra amanhã”. Ele é engenhoso. Faz artesanato dos tempos, usa os três numa fala só, e isso, por uma manga, uma simples manguinha.

O problema dessas mangas que estão esborrachadas no chão, ele diz, que é a contaminação. Essa dos vermes, dos bichinhos, que andam na terra, passeiam pela grama.
Ele tem solução: “Tem gente que tira a polpa da manga e coloca no congelador. Quero ver contaminação aguentar!”.

Joga pedra pra arrancar mais umas. Tira a sacola amassada do bolsa, guarda as frutas. E sai andando por entre os prédios degustando o seu suco de amanhã...

Uberlândia, 18/11/2012 – 14:30h

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