Créditos pela imagem: Lais Castro ( ex Nuage Bleu)
Sessenta passados, negro, alto, forte, camisa branca, calça
preta, uniforme de vigilante. Era imponente. Vindo assim, parecia um bloco de
pedra que surge do nada. De certo, veio pra dizer que não era hora pra eu ali
estar. Era domingo, não era dia de ficar circulando por aí. De certo era muito
rígido em suas funções, não iria me perdoar.
Sua performance e
condição sólidas, no entanto, se liquefizeram em milésimos de centésimos de
segundos.
Ele não veio pra dar procedimento à “lei”. Ele só quer uma
manga... Não hoje, mas amanhã.
- Será que eu acho uma boa pra fazer suco amanhã.
Digo que o problema é que estão caindo no chão. Ele diz: “É,
mas essas que caíram de ontem pra hoje dão pra fazer suco de hoje pra amanhã”.
Ele é engenhoso. Faz artesanato dos tempos, usa os três numa fala só, e isso,
por uma manga, uma simples manguinha.
O problema dessas mangas que estão esborrachadas no chão,
ele diz, que é a contaminação. Essa dos vermes, dos bichinhos, que andam na
terra, passeiam pela grama.
Ele tem solução: “Tem gente que tira a polpa da manga e coloca
no congelador. Quero ver contaminação aguentar!”.
Joga pedra pra arrancar mais umas. Tira a sacola amassada do
bolsa, guarda as frutas. E sai andando por entre os prédios degustando o seu
suco de amanhã...
Uberlândia, 18/11/2012 –
14:30h
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