domingo, 24 de maio de 2015

sem lugar - sem imagem


Você se preocupa por não saber o que quer. Eu já não me preocupo em querer. Apenas quero, apenas sou. Levo-me na levada do vento. Sofro os horrores óbvios. Vivo as alegrias do ópio momentâneo.
Percebo o milímetro e o imperceptível. Emerjo do abissal.  

Tem minutos que me canso, em outros crio ânimo. Desisto, resisto, insisto. Sou todos e todas. Meus erros são os erros do mundo. Meus acertos são insinuações do acaso.

Nunca estive muito certo do que sinto. Aprendi a não dissipar ou temer. Aprendi a não me prender demais. Aprendi coisas que julgo ter me tornado, mas as erro a todo instante. Sinto ciúme, sinto decepção, sinto raiva, mas me anestesio das feridas logo em seguida.  O desapego constituiu-se como minha regra.

Sinto repulsa da estupidez de sua dissimulação fracassada. Logo, compadeço e reconheço-me quando percebo não ter certo em que ponto não faria o mesmo. Em que medida, em que peso, vale a pena se agarrar aos prazeres? O gozo não se troca em papel moeda, mas tem seu preço caro.

Engulo o soluço de lágrima engasgada. Respiro fundo. Engulo fumaça. Sorrio. Só rio. Sou rio.

No curso das águas trafegando em sentidos diversos talvez nos encontremos. Não me desvencilho do rumo de minhas correntezas. Nunca fixo no mesmo ponto, a despeito de vive-lo em máxima voltagem. É que em minha alma nômade, nenhum lugar será em algum dia o meu lugar.

Diego Marcos Silva Leão


24/05/2015 – 21:45h

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