sábado, 26 de março de 2016

Perdões a quem não quero perdoar

Desculpas sinceras peço se não sou de meio termos. Se não consigo disfarçar sentimento, se não finjo ser quem não sou para quem não quero por perto.
Desculpe, e digo sem "moralismos", que é isso que se pode esperar numa ética de quem não aceita as coisas como são.
Peço meus singelos perdões a quem me sacaneia e vem me pedir ajuda com cara blasé por não despistar a má vontade. E também ao fato de não admitir amizade com gente que tem posição de mundo de achar que é bonito as coisas serem como são, de que não há exploração e opressão no mundo.
Desculpas peço. Não que lhes odeie a todos. Mas é que nesse mundo não dá para não ter lado, e a necessidade de ter lado vai se revelando nas sutilezas.
Não posso andar ao mesmo lado de gente que prolifera ódio, que acha que miséria é invenção, que coloca lenha na fogueira dos poderosos, que fica a colocar mais suporte para o status quo.
Perdão aos que permito andar a meu lado, mesmo sem em presença querê-los. Mas se lhes respeito por considerar que em muito estamos juntos a caminharmos pelas contingências que se apresentam, não posso simplesmente ser cristão a ponto de dissolver as mágoas. Não sou imune às feridas da vida, e as cicatrizes que as cobrem, se curam, também deixam marcas de lembrança.
Não consigo admitir hipocrisia e nem creio que relações se fazem por conveniência.

Olhando agora as fotos vejo no que me tornei e não sinto vergonha.

Em tempos em que se exige um posicionamento e uma postura na vida, não dá para ser meio termos. Não dá para viver em afagos, apertos de mãos ou amenidades com quem está do lado daqueles que proliferam as violências, mesmo estando em condições de terem plena consciência de suas possíveis implicações.


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